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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A flor Murchou

Em tempos de filosofia
Casa-se flor
Casa-se tupia
Em tempos de poesia
Mata-se amor
Mata-se alegria
Festa do verde
Mato queimado
Queima-se a flor
Arranca-se o estampado
Abreolhos flor de lótus
Que tua beleza não vai durar
Se abrires como a tuas pernas
O mundo inteiro poderá enxergar
Morre-se flor
Morre-se amor
A música mais bela que ninguém cantou
E lá no canto ainda escondido
Canto eu? Lírico? Passarinho
Vendo flor queimar e murchar
Era bela poesia
Da flor que um dia nascia
Do perfume que trazia no olhar
Era pouca a imprudência
Pra não ver em seu ato a demência
De flor bela deixar secar
Morre flor morre passarinho
Coitado
Criado num ninho
Nunca vai aprender a voar
Por besta ou esperto
Apaixonou-se pela flor
Que sofreu ao ver murchar
Passarinho arruma teu ninho
Deita e fica quietinho
Só espera a vida passar
Pois não adianta brilhar primavera
Pois a vida é perversa
E vira na hora certa
Pelo puro prazer de te machucar
Fica calado em teu canto
Que do teu canto escorre o pranto
De que ama sem saber o que é amar
Passarinho morre em teu ninho
Vendo a flor, primavera e espinho
Que decidir não quer dizer acertar
Morre-se flor
Morre-se amor
A vida nem sempre é tão bela
Passarinho na sua janela
Beija-flor nem despertou
O interesse do seu amor
Chegada sua hora passarinho
Enterra tua vida em um pergaminho
Conta tua historia
Escreve a tua hora
Em fim, morre e vai embora
Nem flor nem amor
Passarinho que passou
Voou e se aquietou,
Bem longe do seu amor

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